A Revolta de Sari, Uma Explosão Social Contra a Coroa Ilkhanida e o Declínio da Influência Mongol no Irã

O século XIV marcou um período turbulento na história do Irã, com a ascensão e queda de diversos impérios e dinastias. Entre os eventos que moldaram esse cenário complexo destaca-se a Revolta de Sari, uma explosão social que abalou os alicerces da dominação Ilkhanida no noroeste da Pérsia em 1338.

Para entender as causas dessa revolta, precisamos mergulhar nas dinâmicas sociais e políticas do Irã sob o domínio Mongol. Após a conquista de Genghis Khan no século XIII, o Império Mongol se fragmentou em diversos khanatos. No Irã, a linhagem Ilkhanida, liderada por Hulagu Khan, neto de Genghis Khan, estabeleceu seu controle. Inicialmente, os Ilkhanidas adotaram uma postura tolerante com as religiões e culturas locais.

No entanto, ao longo do tempo, essa postura inicial se transformou em uma política mais autoritária. O governo Ilkhanida passou a impor pesados tributos sobre a população persa, especialmente os camponeses. Além disso, a administração Mongol era vista como corrupta e distante das necessidades da população local. Essas práticas geraram descontentamento generalizado entre as camadas populares.

A cidade de Sari, localizada na região costeira do Mar Cáspio, se tornou um foco crucial dessa revolta. Sari era um importante centro comercial e religioso com uma população diversificada, incluindo persas, árabes, turcos e judeus. A opressão Ilkhanida afetou todos esses grupos, gerando uma união em torno da luta pela liberdade e autonomia.

A liderança da Revolta de Sari caiu nas mãos de um líder carismático e hábil chamado Hasan-i Buzurg. Hasan mobilizou a população de Sari, apelando para o sentimento nacionalista persa e prometendo libertá-los do jugo Mongol. A revolta iniciou-se com ataques a propriedades Ilkhanidas e postos militares na região.

O sucesso inicial da Revolta de Sari inspirou outros grupos a se rebelarem contra o domínio Mongol em outras partes do Irã. A rebelião se espalhou rapidamente, abrangendo cidades como Tabriz, Hamadan e Qazvin. A reação dos Ilkhanidas foi lenta e desorganizada, evidenciando a fragilidade do poder Mongol na região.

Apesar da bravura dos rebeldes de Sari, a revolta teve um destino trágico. O Ilkhan Abu Said Bahadur Khan enviou um exército poderoso para suprimir a rebelião. Em 1340, após dois anos de intensos combates, as forças Ilkhanidas conseguiram subjugar os rebeldes de Sari.

Hasan-i Buzurg foi capturado e executado publicamente como advertência aos demais que ousassem desafiar o poder Mongol. A derrota da Revolta de Sari marcou um ponto de virada na história do Irã. Embora a revolta tenha sido derrotada, ela semeou as sementes da desintegração do Império Ilkhanida.

Os conflitos internos e a perda de legitimidade levaram à fragmentação do Império Mongol no Irã, abrindo caminho para o surgimento de novas dinastias, como os Timúridas, que governariam o Irã por séculos.

A Revolta de Sari teve consequências profundas e duradouras na história do Irã:

• Desestabilização do Império Ilkhanida: A revolta expôs a fragilidade do domínio Mongol no Irã e contribuiu para seu eventual colapso.

• Ressurgimento do Nacionalismo Persa: A luta contra o domínio Mongol reacendeu o sentimento nacionalista entre os persas, pavimentando o caminho para futuras tentativas de unificação.

• Crise Socioeconômica: Os conflitos gerados pela revolta desestabilizaram a economia do Irã, levando à pobreza e miséria em diversas regiões.

A Revolta de Sari foi um evento crucial que marcou uma fase de transição na história do Irã. Apesar da derrota militar dos rebeldes, a revolta lançou as bases para o fim da dominação Mongol e abriu caminho para um novo capítulo na história do país.